O primeiro semestre de 2024 apresentou sinais claros de recuperação econômica no Brasil, especialmente no setor de comércio. De acordo com dados do IBGE, as vendas do varejo ampliado, que inclui veículos, materiais de construção, e atacado de alimentação e bebidas, cresceram 4,3% em comparação ao mesmo período de 2023, enquanto o comércio varejista registrou um aumento de 5,2%. Essa melhora é impulsionada pela elevação da renda média, que chegou a R$ 3,2 mil, e pela redução do desemprego, agora em 6,9%, o menor nível desde 2015.
Apesar dos avanços, o cenário econômico ainda enfrenta desafios, principalmente em relação à inflação. O IPCA acumulou alta de 4,5% nos 12 meses encerrados em junho de 2024, alcançando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O COPOM, em resposta, decidiu manter a taxa SELIC em 10,5%, alertando para a possibilidade de elevação, caso a inflação persista acima das expectativas.
O mercado de trabalho também apresentou resultados positivos, com a criação de 1,3 milhão de vagas formais no primeiro semestre, um crescimento de 26,2% em relação ao mesmo período de 2023. O setor de serviços liderou a criação de empregos, seguido pela indústria e pelo comércio.
No entanto, a confiança do consumidor ainda permanece baixa, refletindo um cenário de endividamento elevado, embora em queda. A percepção dos consumidores sobre a economia e suas finanças pessoais quase não melhorou ao longo do semestre, com o Indicador de Confiança do Consumidor da FGV pontuando 92,9 em julho, abaixo da marca de 100 pontos, que indica otimismo.
No crédito, o saldo destinado às pessoas físicas cresceu 4,8%, enquanto o das pessoas jurídicas aumentou 2,4% no semestre. As projeções indicam que o crédito deve crescer ainda mais nos próximos meses, impulsionado pelas concessões que atingiram R$ 585,9 bilhões em junho de 2024.
Em resumo, o panorama econômico do primeiro semestre de 2024 no Brasil é de recuperação com desafios persistentes, onde o equilíbrio entre crescimento e controle inflacionário será crucial para sustentar a trajetória positiva observada até agora.
Por Thiago Lira | @thiagoliracabral25
Economista e especialista em Análise de Dados