O fenômeno das apostas esportivas, popularmente conhecidas como “bets”, tem gerado um impacto expressivo nas famílias de baixa renda no Brasil. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, os brasileiros têm gasto entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês em apostas e jogos on-line, o que representa 15% da receita do comércio varejista e 3% do consumo nacional previsto para 2024(Banco Central e as BEts). Esses números mostram que o volume de recursos movimentados por este setor é muito maior do que o projetado inicialmente.
Um aspecto preocupante dessa questão é a relação entre as apostas e a inadimplência, especialmente entre as classes mais baixas. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que o crescimento das “bets” nas camadas mais vulneráveis da sociedade pode aumentar os níveis de inadimplência, o que agrava a situação financeira dessas. Famílias que já enfrentam dificuldades para manter suas contas em dia estão destinando parte de seus recursos, muitas vezes oriundos de programas sociais como o Bolsa Família, para as apostas.
Um dado alarmante é que, em agosto de 2023, cerca de 17% dos beneficiários do Bolsa Família realizaram apostas, somando aproximadamente R$ 3 bilhões destinados às plataformas de jogos, com grande parte desse montante vindo de chefes de família. Este comportamento coloca em risco a segurança financeira dessas famílias, que podem acabar comprometendo o dinheiro destinado à subsistência em busca de retornos incertos nas apostas.
Além do impacto direto no orçamento familiar, o efeito a longo prazo pode ser ainda mais devastador. Com o aumento da inadimplência, muitas dessas famílias podem ter dificuldades em acessar crédito, gerando um ciclo de pobreza ainda mais difícil de romper. Nesse contexto, é crucial que o governo e a sociedade discutam alternativas para mitigar esse problema, seja por meio de uma regulamentação mais rigorosa do setor ou por campanhas de conscientização que alertem a população sobre os riscos financeiros associados às apostas.
O aumento das apostas entre famílias de baixa renda é um reflexo de um problema mais amplo, onde o entretenimento perigoso e o vício em apostas está se sobrepondo às necessidades básicas, criando uma situação de vulnerabilidade que pode afetar não só a economia familiar, mas comprometendo toda a economia nacional.