Economia e negócios – Disciplina fiscal e juros em alta: BC alerta e mercado reage

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Nesta terça-feira, as atenções do mercado se voltam para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). De acordo com o documento, a piora nas expectativas em relação à inflação pode resultar em um ciclo mais longo de alta da taxa básica de juros. O Banco Central destacou a importância da disciplina fiscal por parte do governo, apontando que medidas responsáveis são fundamentais para manter a inflação sob controle e evitar um cenário econômico mais adverso.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o conjunto de medidas para corte de gastos públicos já está pronto, mas ainda não há uma data definida para a divulgação do pacote. As medidas serão enviadas ao Congresso Nacional, e a expectativa sobre a implementação dessas ações tem gerado volatilidade no mercado, impactando tanto a bolsa quanto o câmbio.

Na semana passada, o Copom elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, e o mercado espera outro aumento de igual magnitude na próxima reunião, em dezembro. Caso essa expectativa se confirme, a taxa básica de juros deverá alcançar 11,75% ao final de 2024. Essa perspectiva reforça a necessidade de um ajuste fiscal consistente para controlar a inflação e dar suporte à política monetária.

Ontem, o Relatório Focus do BC indicou um novo aumento da estimativa para a inflação oficial, passando de 4,59% para 4,62% neste ano. A alta das expectativas inflacionárias reforça a necessidade de ações concretas para evitar uma escalada dos preços e manter a economia sob controle.

Os dados de vendas no varejo referentes a setembro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também estão no radar dos investidores, ajudando a mapear o ritmo da economia e a prever os próximos passos do Banco Central. Esses números são fundamentais para entender se a atividade econômica está aquecida e se novas medidas de aperto monetário serão necessárias.
Na primeira sessão da semana, o dólar à vista subiu 0,56%, cotado a R$ 5,7695, refletindo a expectativa em torno do pacote de redução de despesas públicas. O Ibovespa encerrou o dia praticamente estável, com leve alta de 0,03%, aos 127.874 pontos. No cenário de ativos digitais, o bitcoin teve um avanço expressivo de mais de 10%, atingindo a marca de US$ 87,3 mil e, pela primeira vez, superando a barreira dos R$ 500 mil na moeda brasileira.

O cenário atual continua desafiador, com foco no ajuste fiscal e na trajetória da inflação. A disciplina fiscal defendida pelo Banco Central será crucial para equilibrar as contas públicas e evitar que o ciclo de alta dos juros se prolongue ainda mais, impactando o crescimento econômico e a confiança dos investidores.

Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.

Foto: Portal UOL

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