Vendas no varejo crescem e expectativa de corte de juros nos EUA domina atenções

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Em setembro, o volume de vendas no varejo restrito cresceu 0,5% em relação a agosto, na série com ajuste sazonal, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora positivo, o avanço foi inferior ao esperado pelo mercado. No acumulado do ano, as vendas registram alta de 4,8%, enquanto, nos últimos 12 meses até setembro, o crescimento é de 3,9%. Esses dados mostram uma certa resiliência do consumo, mas o ritmo abaixo do previsto levanta preocupações sobre o vigor da recuperação econômica.

Enquanto isso, as atenções do mercado se voltam para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos referente ao mês de outubro. A expectativa é de um aumento de 0,2% no mês e de 2,6% no acumulado de 12 meses, uma leve aceleração em relação aos 2,4% observados em setembro. Embora o CPI não seja o indicador preferido do Federal Reserve (Fed), ele será levado em consideração na decisão sobre o ritmo do corte na taxa de juros americana.
Atualmente, os juros nos Estados Unidos estão entre 4,50% e 4,75%, e o mercado espera que o Fed anuncie uma nova redução de 0,25 ponto percentual até o fim do ano. Além disso, discursos de dirigentes do Fed estão programados para hoje, e os investidores acompanham de perto qualquer sinal sobre os próximos passos da política monetária americana.

No Brasil, aumentaram as apostas de que o próximo aumento da Selic poderá ser de 0,75 ponto percentual, após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). O documento indicou que, se necessário, o ciclo de elevação da Selic poderá ser prorrogado. O Copom também manifestou preocupação com o cenário fiscal e destacou o risco de mudanças na política econômica americana, o que contribui para um cenário de maior incerteza.

O Banco Central brasileiro também anunciou, nesta manhã, um leilão de US$ 4 bilhões, com o objetivo de conter a disparada do dólar. A ansiedade pelo anúncio do pacote de redução de despesas públicas pelo governo tem aumentado, o que também contribui para o clima de cautela no mercado.

No cenário corporativo, diversos resultados trimestrais serão divulgados após o fechamento do mercado, incluindo Americanas, Banco do Brasil, Casas Bahia, Cyrela, JBS, Nubank e Ultrapar, o que pode trazer impacto significativo sobre o Ibovespa nos próximos dias. Ontem, as ações da Vale, que têm o maior peso no índice, caíram pelo terceiro dia consecutivo, refletindo as medidas de estímulo à economia chinesa, consideradas insuficientes pelos investidores. Os papéis recuaram 2,27%, fechando a R$ 57,32, o que levou o Ibovespa a encerrar o dia com queda de 0,14%, aos 127.698 pontos.

O dólar comercial fechou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, cotado a R$ 5,7698. O mercado segue atento aos desdobramentos das políticas econômicas domésticas e internacionais, com foco especial nas decisões do Fed e nas medidas de ajuste fiscal do governo brasileiro, que serão determinantes para o rumo da economia nos próximos meses.

Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.

Foto: Folha Press

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