Nesta sexta-feira, o mercado doméstico será influenciado pela aprovação do conselho de administração da Petrobras dos investimentos de US$ 111 bilhões para o período de 2025 a 2029, além do plano estratégico para esses anos. O valor aprovado supera em 8,8% a previsão de aportes para o intervalo de 2024 a 2028, destacando o compromisso da estatal com o crescimento e expansão de suas atividades. Além disso, o colegiado da Petrobras aprovou o pagamento de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários, correspondendo a R$ 1,55 por ação, o que deve animar os investidores da companhia.
No cenário doméstico, o mercado segue à espera das medidas de corte de gastos públicos, que, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deverão ser anunciadas a partir de segunda-feira e estão estimadas em torno de R$ 70 bilhões. Hoje, está previsto o anúncio de um corte de R$ 5 bilhões no orçamento, junto com o relatório bimestral de receitas e despesas. Essas medidas são vistas como essenciais para controlar o déficit fiscal e melhorar a confiança dos investidores.
Na Europa, foram divulgados os índices de gerente de compras (PMI) industrial, composto e do setor de serviços da Zona do Euro e do Reino Unido. O PMI industrial da Zona do Euro recuou de 46 pontos para 45,2, enquanto no Reino Unido o indicador passou de 49,9 para 48,6 pontos, indicando uma contração na atividade econômica desses países. Nos Estados Unidos, os dados do PMI industrial, composto e do setor de serviços serão divulgados ainda hoje, e os investidores estão atentos aos resultados que indicar o cenário de inflação na maior economia do planeta.
As tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia continuam a pesar no sentimento dos investidores, levando a um aumento da aversão ao risco no último pregão da semana. Ontem, o dólar comercial subiu 0,75%, encerrando o dia cotado a R$ 5,8109, refletindo o aumento das preocupações com o agravamento dos conflitos no Leste Europeu.
Com o aumento da aversão ao risco, o Ibovespa recuou 0,99%, fechando em 126.922 pontos. A percepção de risco fiscal no Brasil também tem crescido devido à demora no anúncio do pacote de corte de gastos públicos, que é visto como uma medida crucial para estabilizar as contas públicas e trazer maior previsibilidade econômica.
O cenário segue desafiador, com os investidores de olho tanto nos desdobramentos do pacote de redução de despesas quanto nos dados econômicos globais e nas tensões geopolíticas. A postura do governo brasileiro em relação ao ajuste fiscal e os próximos passos da Petrobras serão decisivos para o humor do mercado nos próximos dias.
Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.
Foto: Petrobras divulgação