Economia e Negócios – Pacote de corte de gastos impacta risco fiscal e Dólar bate recorde

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Nesta quinta-feira, o mercado financeiro brasileiro reage ao anúncio detalhado do pacote de redução de despesas públicas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apresentaram as medidas que serão enviadas ao Congresso Nacional, com o objetivo de gerar uma economia de R$ 70 bilhões até 2026. Em pronunciamento em rede nacional, Haddad explicou que as mudanças visam melhorar o equilíbrio fiscal do país e evitar uma escalada da dívida pública.
Entre as medidas anunciadas, destaca-se a isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas que ganham até R$ 5.000 mensais, enquanto haverá um aumento da taxação para rendas superiores a R$ 50 mil. Essa mudança visa promover maior justiça fiscal, mas também traz preocupações sobre o impacto nas contas públicas e no risco fiscal percebido pelo mercado.

A percepção de risco fiscal dita o rumo dos ativos locais nesta manhã, refletindo na B3 e no mercado de câmbio. O JP Morgan alterou, ontem, a recomendação para as ações brasileiras de compra para neutra, um movimento que evidencia a cautela dos investidores em relação ao cenário econômico do país. Com o feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, que mantém os mercados americanos fechados, o foco das atenções está totalmente voltado ao mercado doméstico.

Ontem, o dólar encerrou a sessão com uma valorização de 1,80%, cotado a R$ 5,9124, um valor recorde nominal, superando o pico anterior registrado em maio de 2020, durante o início da pandemia de covid-19. Já o Ibovespa teve forte queda de 1,73%, fechando aos 127.669 pontos, refletindo a preocupação dos investidores com o risco fiscal. Os juros futuros também avançaram, reagindo às possíveis consequências das novas regras fiscais, especialmente a ampliação da faixa salarial isenta de Imposto de Renda.

Mais cedo, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de novembro apontou alta de 1,30%, uma desaceleração em relação ao aumento de 1,52% registrado em outubro, trazendo um alívio parcial ao cenário de inflação. No entanto, o risco fiscal e a indefinição sobre o ajuste das contas públicas seguem como fatores de pressão sobre os ativos locais.

No cenário internacional, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos, considerado o principal indicador pelo Federal Reserve (Fed) na definição da política monetária, mostrou alta de 2,3% em outubro, em base anual. Embora o PCE tenha aumentado em relação ao mês anterior, o resultado ficou dentro das expectativas e não alterou significativamente as projeções sobre os próximos passos do Fed. A meta de inflação do banco central americano continua em 2%, o que mantém o foco na necessidade de controle da inflação.

Com o mercado doméstico sob pressão e a percepção de risco fiscal em alta, os próximos dias serão determinantes para avaliar como as medidas de corte de gastos anunciadas pelo governo serão recebidas pelo Congresso e pelo mercado financeiro. A expectativa é de que o pacote possa trazer alívio às contas públicas, mas a reação dos investidores dependerá da implementação efetiva e da clareza nas ações governamentais para manter a disciplina fiscal.

Por Thiago Lira
Economista e especialista em Análise de Dados.

Fonte: Freepik

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