O estudo que levou três economistas americanos a ganhar o Prêmio Nobel de Economia destacou algo essencial para o desenvolvimento econômico de um país: a qualidade de suas instituições. Daron Acemoglu, James Robinson e Simon Johnson desafiaram ideias pré-estabelecidas que explicavam a diferença entre países ricos e pobres com base em fatores como clima, cultura ou geografia.
A análise que fizeram foi mais profunda, focando-se nas instituições políticas e econômicas e como estas influenciam o progresso de uma nação.
Um exemplo claro utilizado pelos estudiosos foi a cidade dividida de Nogales, com uma parte nos Estados Unidos e a outra no México. Embora ambas as partes compartilhem a mesma cultura, história e localização geográfica, as condições de vida são drasticamente diferentes. No lado americano, os cidadãos têm acesso a melhores serviços públicos, educação, saúde e oportunidades econômicas, resultado de instituições mais inclusivas e democráticas. Já no lado mexicano, a corrupção, a criminalidade e a falta de infraestrutura afetam diretamente o nível de vida da população local. Essa disparidade reforça a ideia de que as instituições são determinantes para o sucesso ou fracasso econômico de um país, mais do que outros fatores superficiais.
Acemoglu e seus coautores identificaram dois tipos principais de instituições: as inclusivas, que promovem participação e oportunidades amplas para todos, e as extrativistas, que concentram o poder e os recursos em uma pequena elite.
Países com instituições inclusivas tendem a proporcionar mais liberdade econômica e política, o que estimula a inovação, o investimento e o crescimento econômico sustentável. Por outro lado, nações com instituições extrativistas, como algumas ex-colônias exploradas no passado, enfrentam dificuldades em promover prosperidade para suas populações, pois seus sistemas são criados para servir a uma minoria.
Esse estudo derruba a ideia de que ex-colonizadores estão fadados à riqueza e os colonizados à pobreza. Pelo contrário, o sucesso de uma nação depende de sua capacidade de criar e sustentar instituições que garantam democracia, liberdade econômica e direitos fundamentais. Ao premiar essa pesquisa, o comitê do Nobel ressaltou a importância das instituições para a prosperidade e a redução das desigualdades globais, destacando que a criação de políticas públicas sólidas e inclusivas é o caminho para um desenvolvimento equilibrado【8†source】.
Portanto, ao olharmos para o cenário econômico global, fica claro que as soluções para a pobreza e o subdesenvolvimento estão diretamente ligadas à capacidade de um país de estabelecer um sistema justo e acessível para todos, onde o mérito e a inovação possam florescer. Essa é a chave para romper com ciclos de pobreza e desigualdade que ainda afetam muitas nações.
Por Thiago Lira | @thiagoliracabral25
Economista e especialista em Análise de Dados