Ao começar uma nova etapa, é comum que sentimentos como nervosismo, ansiedade e expectativa surjam no processo, o que pode representar uma carga emocional para quem está iniciando essa nova fase. Se, para os adultos, esse movimento pode ser difícil, para as crianças a dificuldade pode ser ainda maior. Por isso, a psicóloga do Serviço de Orientação Educacional e Psicológica (SOEP) do Colégio GGE, Aksa Sayonara, explica como os pais ou cuidadores podem preparar os filhos para a adaptação e quais são os principais desafios.
A especialista pontua que o principal entrave para os pequenos é a criação de novos vínculos com os professores, funcionários e amigos, além da adequação a uma nova rotina, com regras e combinados estabelecidos constantemente para tornar o ambiente mais seguro e organizado. Para facilitar esse entendimento, a psicóloga alerta para a necessidade do diálogo prévio com a criança. “É importante que os pais abordem o tema com empatia e compreensão. Deve-se focar nas emoções e não apenas nas expectativas, perguntando como ela se sente em relação à mudança e ajudando-a a enxergar os aspectos positivos, como a chance de fazer novos amigos, aprender coisas interessantes e explorar novos ambientes”, afirma.
Para a psicóloga, a adaptação começa antes mesmo do retorno às aulas e envolve a participação da criança na escolha do material e na visita à escola, proporcionando uma sensação de controle e diminuindo a ansiedade. “Falar sobre os professores, o ambiente escolar, os amigos que a aguardam, os materiais escolhidos e até a farda, sempre com entusiasmo, são ações que fazem a diferença”, orienta. Outro aspecto fundamental nessa fase é a rotina do sono antes da ida à escola, além do cumprimento do horário de retorno para casa. “A criança precisa estar descansada para passar melhor por essa adaptação. Buscá-la no horário correto também é essencial. Se a criança presencia os amigos indo para casa e ela vai ficando, dificulta para o dia seguinte”.
Nas unidades do colégio GGE em Pernambuco e na Paraíba, o SOEP promove um trabalho de acolhimento com as crianças de maneira individual para que se sintam mais seguras. O vínculo que vai sendo criado pela equipe de psicólogos também favorece para que o aluno possa ter mais um adulto como referencial no novo ambiente. “Conversamos, contamos histórias sobre o tema da adaptação e também levamos para nossa sala, para que tenham mais um espaço de acolhida e diálogo na escola. Isso tem gerado bons resultados com os nossos alunos”, ressalta Aksa Sayonara.
É necessário que os pais também tenham em mente que cada criança tem o seu próprio tempo para se adaptar. “A adaptação é um processo individual. A família precisa acolher e também passar segurança de que será uma experiência ótima. Nunca comparar com os amigos ou familiares que já estão adaptados, isso pode gerar mais insatisfação e minar a autoconfiança”. A psicóloga enfatiza ainda que é normal que a criança apresente resistência nos primeiros dias, mas que é necessário observar se a situação está se estendendo por muito tempo. “Manter a calma, sem ceder à pressão, explicando que ela vai se sentir melhor com o tempo, é essencial. Se a resistência persistir, é recomendável conversar com o professor e com o psicólogo escolar”, finaliza.
Dicas que também podem ajudar na adaptação:
Estabeleça uma despedida positiva, mas breve;
Deixe bilhetes afetuosos na lancheira;
Reforce constantemente os aspectos positivos da escola;
Reconheça a superação da criança diariamente, fortalecendo sua confiança.
Foto: Carolina Soares
