A recente movimentação do mercado financeiro reflete a reação dos investidores diante de fatores domésticos e internacionais. Na última semana, o dólar voltou a patamares observados pela última vez em maio de 2020, encerrando a sexta-feira em alta de 1,53%, cotado a R$ 5,8698. Essa valorização de 2,90% ao longo da semana destaca o nervosismo frente às incertezas fiscais no Brasil e as expectativas relacionadas às eleições nos Estados Unidos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também foi impactado, registrando queda de 1,23% na sexta, fechando a semana com um recuo acumulado de 1,36%, influenciado pela alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e as dúvidas sobre a política fiscal do governo brasileiro.
O cenário doméstico ganha atenção com as discussões sobre o arcabouço fiscal e a busca por um equilíbrio nas despesas públicas. Para lidar com a pressão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por cancelar uma viagem de uma semana à Europa, demonstrando o compromisso em focar nas medidas para cumprir as metas fiscais e reduzir as despesas.
Outro ponto de destaque é a expectativa em torno das decisões sobre as taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos nesta semana. Espera-se um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, enquanto nos EUA, a projeção aponta para uma redução de 0,25 ponto percentual. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, reforçou essa perspectiva, mantendo a projeção da Selic em 11,75% para o final de 2024 e ajustando a estimativa de inflação de 4,55% para 4,59%, acima do teto previsto para o IPCA.
Na agenda corporativa, a temporada de resultados trimestrais traz hoje os balanços de empresas de peso, como Itaú, TIM, BB Seguridade, Pague Menos, Copasa, Serena Energia, Neogrid e Tegma, o que deve trazer novos reflexos aos mercados.
O contexto atual demonstra um mercado em alerta, impactado tanto pelas expectativas internacionais quanto pelas políticas fiscais internas. Com eleições americanas à vista e as ações do governo para estabilizar o cenário econômico, os próximos passos serão decisivos para o desempenho do câmbio e da bolsa.
Por Thiago Lira.
Economista e especialista em Análise de Dados. Foto: divulgação