A chegada da geração Z ao mercado de trabalho trouxe uma série de desafios e oportunidades que estão transformando as dinâmicas empresariais. Entre os empregadores, há um consenso de que os jovens, nascidos entre 1997 e 2010, têm dificuldade em demonstrar habilidades comportamentais (soft skills), como lidar com prazos e se comunicar de forma eficaz. Isso tem levado muitas empresas a optarem por demissões precoces. De acordo com pesquisas recentes, 6 em cada 10 empregadores já demitiram pelo menos um recém-formado neste ano, refletindo uma falta de alinhamento entre expectativas.
Do ponto de vista econômico, essa alta rotatividade gera impactos significativos. Empresas gastam recursos consideráveis com processos de recrutamento e treinamento. A cada nova contratação, há custos diretos e indiretos envolvidos, como tempo de adaptação e perda de produtividade inicial. A substituição frequente de colaboradores gera um ambiente de instabilidade e aumento de custos operacionais, prejudicando a eficiência do capital humano.
Além disso, a geração Z possui demandas diferentes das gerações anteriores, priorizando flexibilidade, trabalho remoto e benefícios que promovam o bem-estar. Essa mudança de paradigma desafia empresas que ainda operam com modelos de trabalho tradicionais. No entanto, adaptar-se a essas demandas pode ser estratégico para a retenção de talentos, especialmente em um cenário de competição por mão de obra qualificada. A flexibilidade e a valorização do bem-estar são fatores que podem se traduzir em maior engajamento e produtividade no longo prazo, equilibrando o investimento inicial em treinamentos.
Em contrapartida, há um desequilíbrio na percepção de valor entre o conhecimento teórico desses jovens e a prática do dia a dia profissional. A formação acadêmica da geração Z frequentemente não prepara os recém-formados para os desafios práticos do ambiente de trabalho, o que gera frustrações e um aumento da desconfiança dos empregadores, dos quais 1 em cada 6 já manifesta hesitação em contratar jovens recém-saídos da universidade.
Considerando que a geração Z representará quase 30% da força de trabalho até o próximo ano, os impactos de sua integração ou exclusão no mercado são relevantes para o crescimento econômico. Se bem gerenciada, essa entrada pode promover inovação e dinamismo, elementos essenciais para a competitividade em um mercado cada vez mais digital. No entanto, se mantida a desconexão entre expectativas e realidade, o custo de adaptação pode ser um obstáculo ao desenvolvimento, tanto para empresas quanto para esses profissionais.
Investir em treinamentos que vão além do conhecimento técnico, focando no desenvolvimento de soft skills, pode ser a chave para preparar a geração Z para os desafios do mercado. Do outro lado, empresas que oferecem ambientes mais flexíveis e promovem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional estarão melhor posicionadas para atrair e reter esse grupo. A longo prazo, a convergência dessas expectativas pode ser um catalisador de inovação e produtividade, impactando positivamente o cenário econômico.
Por Thiago Lira | @thiagoliracabral25
Economista e especialista em Análise de Dados