Essa história aconteceu nos EUA. Na sentença aplicada há 27 anos, o juiz Block chamou Johnson, uma lenda das ruas conhecida como Rei Tut, de “um exemplo clássico de uma pessoa que precisa ser incapacitada para que a sociedade esteja protegida contra você”. Então ele aplicou cinco sentenças de prisão perpétua a Johnson.
No dia 17 de outubro de 2024, o juiz Block chamou a punição que ele impôs há 27 anos de muito dura, resultado de leis mal pensadas e de sua própria inexperiência. Ele libertou Johnson, que horas depois saiu da prisão e voltou para a sociedade.
Disse o experiente magistrado: “Os juízes ganham insights que, com o passar do tempo, só podem vir com a experiência no tribunal e sua maturidade judicial”, escreveu o juiz Block em sua decisão deferindo a petição de libertação de Johnson. Ele acrescentou: “Assim como os prisioneiros que evoluíram para seres humanos melhores durante seus longos períodos de encarceramento, os juízes também evoluem com o passar dos anos no tribunal”.
Esse texto não é sobre punição ou não a um infrator, marginal (aquele que descumpre e está à margem da lei), mas sobre experiência, sobre maturidade, sobre vivência, sobre ter a humildade de saber que nem sempre acertamos ou que uma dura punição é motivo para comemorar.
Na vida, certamente cometemos erros, principalmente quando jovens, quando inexperientes e nesse caso ter a maturidade e humildade de reconhecer o erro e voltar atrás, certamente é uma sublime, iluminada e abençoada ação, pois essa convicção de um juiz após 27 anos serve de exemplo pra quem pensa que é o dono da verdade, mesmo que ocupando cargos relevantes, principalmente nas instituições públicas.
Ao ler esse texto e essa bela lição, fico a me perguntar quantas pessoas, que ocupam cargos de destaque, poderiam voltar atrás em sua maneira de conduzir a vida e sua função. Certamente teria o reconhecimento de maturidade da sociedade, como teve o juiz Block que se tornou manchete em todo mundo.
Leitor, internauta, você conhece alguém que poderia ter mais humildade em sua conduta? Fica a reflexão.
Por Erick Lessa, Delegado de Polícia Civil e vereador eleito de Caruaru.